quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A m o r

[crônica?]

Amor. Amor. Amor. Amor. Amor.


Foi amor quando ele me abraçou tão forte que nossos corpos se fundiram. 

Eu e ele contra o mundo. 

Eu e ele éramos tão certos.

O mundo era tão errado.

Foi amor quando ele segurou meu pulso direito naquela festa, e me levou diretamente para o carro, sem se despedir de ninguém. 

Ele continuava me dizendo que precisávamos ficar juntos.

Eu deitava ao seu lado à noite e desejava e desejava e desejava que ficássemos juntos para sempre.

Foi amor quando ele pediu para que eu ficasse em casa quando minha vizinha me chamou para sair com ela. 

Ela fazer mal a você, dizia.

Foi amor quando eu passei o dia em casa resfriada, e ele fez questão de que eu não fosse ao trabalho. Quando eu me levantei para receber o jornal, notei que a porta da frente estava trancada. 

Ele sempre levava as chaves consigo por acidente.

Foi amor. Sempre amor, quando ele puxava os meus cabelos e me mostrava que minhas atitudes não faziam sentido algum.

Ele era bom para mim. Mostrou-me que eu era ingênua e, por vezes, estúpida. Minhas escolhas não faziam sentido.

Eu não fazia sentido.

Com ele, eu possuía todo o sentido do mundo.

Foi amor, foi paixão, preocupação.

Ele me ligava todas as tardes para me perguntar a que horas eu voltava. Quando eu ficava além do tempo comum, ele ia me buscar. Ficava na porta de meu escritório até eu ser liberada.

E ficava dizendo baixinho na minha orelha "eu te amo, eu te amo, eu te amo", enquanto se aliviava em mim durante a madrugada, quando eu geralmente estava dormindo.

Eu sabia que ele não podia se controlar.

Foi amor quando ele me abraçou tão forte que nossos corpos se fundiram. Eu, tremendo. Ele, sussurrando o quanto me amava o tempo todo. Dizendo-me para não ter medo dos roxos que estavam em minha pele.

Porque às vezes eu merecia.

E, ainda assim, eu não conseguia entender.

Seria eu merecedora do amor dele?



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