quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Carta

"Estou perdendo você." 

Quis desculpar-me. Quis chorar, segurar suas mãos e dizer que não, não era verdade, que estaria aqui para sempre. Quis sussurrar palavras infantis e deixá-las me embalarem até que eu virasse um emaranhado de medo e vergonha. Quis. Apenas quis, porque sabia que não podia. Porque eu não devia nada a ninguém que pudesse fazer-me sangrar daquele modo, e porque era uma mentira.

Você não estava me perdendo. Já me perdera. Eu estava longe, longe. Talvez eu pudesse ter ficado. Talvez, se meus pés não doessem tanto, eu poderia retornar e fingir que nada acontecera. 

Não.

De fato, fui embora.

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