Ah, que patético.
Essa minha vontade de derramar palavras por aí, feito uma
qualquer. Quem eu penso que sou? Com toda essa pose de sabe-tudo, esse meu
nariz arrebitado. Dissimulada. Não sei o que penso. Vivo dizendo que ando em
frente quando estou sempre olhando para trás, e digo que sei o que quero quando
na verdade nunca estive mais perdida. Digo que sei o que escrevo, mas de fato
não sei de onde vêm essas palavras inúteis, que vivem se espalhando por
lugares inusitados; o canto de meu caderno, um documento em branco, uma folha
esquecida. Tudo, tudo. Sempre contaminado por palavras que nunca serão lidas,
nunca serão sentidas na pele, como as sinto agora. Queimam. Curam.
Patético.
Cada pedacinho de mim respira o que há, apenas. Palavras.
Cansativas e doloridas. Incessantes, meu Deus, nunca pararão. Acompanham-me por
aí, nas minhas breves saídas de casa: estão sempre em meus pensamentos, em meu
coração. Sempre martelando, cutucando-me. Insuportáveis. E irresistíveis.
E elas se interligam. Juntas, elas criam frases e
sentimentos patéticos que me trazem certo orgulho. Qual é o meu problema,
afinal?
Não acabou ainda. Dizem-me que não acabou, obedeço.
Sempre há algo a continuar. Fins são patéticos. Assim como
eu.
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